Nada é mais abstrato que o tempo. A persistência da memória
está intrinsecamente ligada à liquidez do tempo. Mesmo neste estado, por mais
inflexível, ainda queremos fazê-lo maleável. Não podemos controlá-lo, mas
tentamos, insistentemente, enganá-lo.
Não podemos ignorá-lo. Costumamos utilizar unidades de
medida como marcos que apontam para uma linha – não necessariamente linear – do
passado, pelo presente, ao futuro. Mas, inevitável e ambiguamente, efêmera e infinita.
Por mais surreal que essa realidade pareça, seja daqui ou
dali, o tempo passa de forma intransponível. Retratos, imagens, canções, cartas,
enfim... Tudo são representatividades da arte através da qual tentamos
registrar nossa estória para a História. E daí à eternidade.