terça-feira, 22 de junho de 2010

Amigo

Bem maior do mundo. Legado inestimável. Pra essa, não existe recompensa. Horas boas, ruins; tristes, alegres; mais fatídica que qualquer instituição de comunhão. Mais sincera. Menos obrigada. Pura e livre espontânea vontade.

Obviamente que, como em toda alcatéia, há lobos. Nem sempre é iridescente. Mas o problema é bilateral. É elegível. Mas quando verdadeiramente fiel, não há volta. O olhar. As palavras. O gesticular. As nuances. Esclarecem mais desses indivíduos despidos e desnudos de ferramentas e armas.

Egocêntrico. Queremos sempre algo em troca pra nos sentirmos bem. Nem que seja o próprio bem em si aos outros. Assim como o amor, a amizade é hedonista. Assim como as pessoas, é essencialmente egoísta.

Saudade

Ai, saudade que não tem fim. Quanto mais quero te esquecer, mais te aproximas de mim. Pois meus pensamentos mais distantes a trazem de volta pra perto à minha lembrança que não quer sorrir.

Dor dolorida doída. Doida. Sentimentos pelo que foi, mas não há mais de ser. De passado vivo o presente e penso no futuro.

A mais bela palavra traz tão triste cognição. Mesmo carregada de sentimentos de felicidade. Como pode um paradoxo desnortear tão forte uma mente de lembranças?

Saudosismo do passado longínquo. Banzo de lugares d’antes vistos. Mas é a saudade maior do mundo, do amor maior do mundo, que incomoda e nunca passa. Elementos antigos são objetos de infelicidade. Mas pior são os objetos de felicidade que nunca serão antigos. Nem no passado, nem no futuro. Simplesmente porque deixaram de ser. Deixaram de ter um significado para qualquer das partes.

Saudade dos que se foram. Dos que irão. Dos que ainda não, há de haver.
Saudade das brincadeiras, dos costumes, da cultura rotineira.
Saudade até de quem eu gostaria de ser, de conhecer, de ver.

Puta saudade maledita! Por que não te conformas, de tantas coisas, com a bonita.

Solidão

Sejamos nós mesmos. Mas um ser que nos complete é completamente bem-vindo. Alma-gêmea; amizade; família.

Às vezes estamos sós e nos sentimos plenos. Às vezes estamos cercados de pessoas e nos sentimos plenamente sós. Nem sempre é uma condição física. É também psicológica. E ainda comportamental. Mas o sentimento é o mesmo para ambos os casos.

O Universo é imensidão. Uma mera partícula, única como somos, desliga-se do todo. E nossa mente dita a condição de acordo com as circunstâncias. A troca de energia cessa.

Querer estar só, poder estar só. Compartilhar, refletir, discernir, discutir consigo. Mentalizar apropriando-se dos fatos.

Mas cruel é a condição física. Isolamento. Solitário. Somos feitos para andar em bandos. Viver em sociedade. Mas a própria nos provoca o isolamento seja qual for o motivo: pessoal, profissional, moral, mental, físico.

O mesmo bem que traz a comodidade da companhia ou o alívio da isolação, também veste a carapuça do mal. Toda moeda tem dois lados. Qual deles escolher? Por que não usá-los nos momentos apropriados?

Dor de solidão é pra ser sentida, vivida, exaurida, extasiada; é também para ser compartilhada, aliviada, esquecida. Ficam as mágoas, as marcas, as cicatrizes nos sentidos. Mas somos plenos de sentimentos.