sábado, 24 de abril de 2010

Nunca, nunca

Nunca podemos dizer nunca. Ou pelo menos não devemos. Visto que todo nosso comportamento varia de acordo com determinada situação. Somos seres dotados de consciência, mas também às vezes da ausência dela. Não podemos retrair nosso instinto animalesco. E é diante disso que nossas atitudes variam com os fatos.

A mentalidade coletiva é guiada pela cultura disseminada. A sociedade civil julga os acontecimentos conforme os precedentes pré-estabelecidos pela humanidade. Mas raros são os casos com os quais nos deparamos – ou tudo seria caos – e analisamos pela compreensão.

Dificilmente, conseguimos nos munir de empatia pelo lado obscuro da questão. Culturalmente, condenamos os culpados. Diferente do curso natural pressuposto, onde os fortes sobrevivem. São regras da “civilização”. Por isso, todo julgamento - seja premeditado ou posterior – toma por base os costumes. É aí onde desumanamente insistimos em errar, embalados e encharcados em mentiras. Perigo.

Nossas certezas só existem até que nos provem o contrário. E todo paradigma pode ser quebrado. Sem exceção. Nem que seja por uma exceção.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Números X Palavras

Todo universo gira em torno de um paradoxo. Todo lado positivo tem um negativo. Já deu para entender o sentido... Mas todo paradoxo gira em torno de dois lados de uma mesma moeda que rodeia a natureza do ser humano: razão e emoção.

Toda razão é expressa em números. Já a emoção é guiada por palavras. Mesmo os textos mais racionais desenvolvidos até hoje, seja uma Constituição, um argumento, todo ele é sujeito à interpretação. Por outro lado, os números que compõem a engenharia de uma construção necessitam de leitura correta para mostrar sua lógica entre as fórmulas.

Por isso, podemos dizer que as Letras e a Matemática são as ferramentas básicas da linguagem humana, seja para expressar lógica (razão) ou sentido (emoção).

Mas a que conclusão chegamos com esse texto? Simples: a alma não vive sem a mente; o corpo não vive sem a cabeça; o coração não vive sem o cérebro. Pra que definir o que é racional ou emocional se, ao final de tudo, o que importam são as conseqüências das atitudes, são os fins e não os meios. Pois os meios e as atitudes dependem da lógica da interpretação de quem os enxerga. Não existe certo ou errado, existe ponto de vista, a base do argumento. E o erro está no argumento da certeza. Ou na certeza do argumento. Pois ambos dependem de vários fatores culturais, ambientais e genéticos, como diria o princípio determinista, vulneráveis à razão e à emoção.

Mas dentro desse “pseudo-livre-arbítrio”, fica aqui uma questão a qual me levou a discorrer sobre este tema: é melhor passar o resto da vida com uma dor conhecida, mas suportável, ou arriscar acabar com essa dor e correr o risco de sofrer com outra dor, também conhecida, mas insuportável?

Vida consciente

Para toda filosofia, existe um argumento convincente.

Nem tudo é verdade. Mas tudo é lógico. Talvez nada exista, mas é tão real quanto pareça. Dizer sim a um instante é dizer sim a toda existência. O momento não é só um nada vazio passageiro. Todo momento é singular, do qual fazem parte tudo e todos em sua história. Daí o sentido de vidas passadas.

Reencarnação é apenas a expressão poética do que é, na verdade, a memória coletiva. A vida é feita de lembranças. Há um intervalo de 6 a 12 minutos antes que ocorra a morte cerebral. Acredito que nesse meio-tempo, toda a vida passe diante dos olhos. É isso que os sonhos de um minuto - que parecem levar uma hora - simulam. A visão é uma janela para o mundo: cada minuto é um show. Não é preciso gostar, apenas aceitar, seguir a corrente; a viagem (vida) não pede explicações, só ocupantes; não se limite às linhas, vá além, estamos livres no mar; O existencialismo prega a vida pra ser vivida com paixão, não com desespero. A jovialidade espera que alguns anos depois as mudanças parem e a vida se estabilize, o que não ocorre; a curiosidade é muito interessante e boa. Mas é preciso criar uma história de ficção para criar uma identidade entre o presente e o passado – uma fotografia, por exemplo. Ou estórias contadas através de palavras.

As palavras são de uma linguagem de sons emitidos criadas para transcendermos o isolamento, tendo seu significado em coisas, sentimentos abstratos e intangíveis de acordo com as lembranças que se têm a respeito deles, lembranças do que se teve ou deixou de ter. Há uma espécie de telepatia coletiva que conecta as pessoas ao passado (1 bilhão de anos de memória), no presente (velocidade do fluxo de informação) e até no futuro.

Nós nos deleitamos com ele (o caos)... a função da mídia não é eliminar os males do mundo, mas fazer com que os aceitemos e com eles convivamos. Doenças e morte são involução. São sentimentos de cobiça, inveja (pecados capitais) que nos fazem abrir mão de nossa liberdade/destino, para sermos governados, em massa, por política e religião aceitadas passivamente. A evolução é medida de acordo com a extensão do tempo. Justiça, liberdade, honestidade, igualdade e fraternidade são evolução. O século XXI é promissor à humanidade. É o século da evolução e da liberdade. Que até hoje não ocorreu, deixando-nos mais próximos aos chimpanzés do que dos filósofos gregos, cujos valores eram o objetivo da vida e a razão do viver, adquiridos com sabedoria.

Mesmo mudando a cada dia que passa, mantemos a essência de nossa pessoa. A característica mais universal do homem é o medo, pois ele quem gera o fracasso. Ou a preguiça, que traz a comodidade. Por um ou pelo outro, seja por destino ou livre-arbítrio, ainda não atingimos o bom senso, a iluminação racional. A Evolução.

A liberdade proposta pelo livre-arbítrio, que caracterizaria nossa individualidade distinguindo-nos dos outros ou daria a nós a responsabilidade de nossos atos, é uma ilusão, tendo em vista que o destino é traçado por Deus, eliminando as possibilidades de decisão, ou o comportamento de nossa vida é regido por leis físicas previsíveis ou prováveis. Portanto, para entender a individualidade, é preciso compreender antes o livre-arbítrio.

Nada de novo acontece no mundo. Os sentimentos se repetem e as sensações e momentos vividos são os mesmos há um instante e a uma eternidade. Se o mundo que aceitamos é falso e nada é verdadeiro, então, tudo é possível.

O mundo é visto com os olhos da imaginação.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Viver

Todo dia se nasce mais uma vez
A cada amanhecer, um novo nascer
A cada anoitecer, um novo envelhecer.
Todo dia se nasce mais uma vez.

A memória é a manivela que projeta o suceder
Dos acontecimentos, e que impede o esquecer.
É uma nova vida que começa a crescer
De acordo com os fatos do renascer.

Quando você acorda e vê o sol nascer,
Lembra-se do que aconteceu mesmo sem querer.
A vida é tão efêmera quanto o dia que,
Ao anoitecer, está prestes a morrer.

Enquanto a Terra gira, o Sol sorri com seus raios da vida
E a Lua vem para atestar que o que passou, passou,
E agora é tarde para fazer
O que se adiou.

A Lua, na negra escuridão mórbida da noite, faz seu papel
Até o sol renascer;
E este, com sua claridade,
Ilumina a vida com felicidade.

A Lua morte traz a sonolência como a ‘extrema unção’
Para preparar o corpo para jazer na cama do caixão.
E o espírito espera o renascer: do Sol, da Vida.
Que é a mãe que dará à luz para recomeçar a tentativa.

No Céu estão escritas as memórias,
Brancas, cinzentas, com textura de algodão,
Para fazê-los lembrar que mais um dia passou
E mais uma vida se foi.

No Céu estão as esperanças
De que se vai renascer,
E lembrar-se-á das memórias que se passaram com o reluzir do Sol.
A esperança do renascer.

O sonho é o planejar pro futuro;
É o se agradar do Passado...
Mas sempre no Presente.

O pesadelo é o frustrar por não ter tentado,
É o se arrepender do errado.

O dormir... É o descansar,
Para que no outro dia, ao amanhecer, ao renascer,
Estejamos prontos para enfrentar a vida,
E esperar o enluarar, para perceber
Que tudo vai passar
E que se deve aproveitar
Para não se arrepender, ou se esquecer,
De que as memórias ficam,
Enquanto a alma descansa.

E não deve se importar com o projetar do Sol, da Lua,
Das Nuvens, das Estrelas, dos Raios, do Mundo.
Lembre-se de que mais um dia vai passar
E você não quer se arrepender... de não aproveitar.